"Pedes-me um tempo,
para balanço de vida.
Mas eu sou de letras,
não me sei dividir.
Para mim um balanço
é mesmo balançar,
balançar até dar balanço
e sair..
(...)
Agarras a minha mão
com a tua mão
e prendes-me a dizer
que me estás a salvar.
De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.
Com o quê?
De morrer,
mas de que paixão?
De quê?
Se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e não ter
nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração...
(...)
Esqueces que às vezes,
quando falha o chão,
o salto é sem rede
e tens de abrir as mãos.
(...)
Pedes-me um sonho
para juntar os pedaços
mas nem tudo o que parte
se volta a colar.
(...)
Nem tudo o que parte se volta a colar.
Nem tudo que um dia foi tem que voltar a ser.
Nem tudo volta a ser do modo como queriamos.
Nem tudo é como queriamos que fosse.
Nem tudo em nós é como deveria ser.
Nem tudo na vida é perfeito. Nem nós. Nem aqueles de quem gostamos.
"Eu sei que ainda somos imortais. Se nos olhamos tão fundo, de frente.
Se a minha vida for por onde vais. A encher de luz os meus lugares ausentes"